O slow living é uma filosofia relacionada ao comportamento e aos ritmos de produção e consumo dos indivíduos, propondo que observemos e nos inspiremos no ritmo lento e suave da natureza.
E quando falamos em natureza, muitas vezes esquecemos que fazemos parte dela.
Podemos, então, começar observando os nossos próprios ritmos, como um bom exercício de autoconhecimento.
Praticar slow living é nos conectarmos com nós mesmos, com a nossa essência, desconectando um pouco das ilusões que o mundo contemporâneo promete.
É desacelerar, mas não no sentido de ser mais devagar – e sim de fazer o que você quer e precisa fazer com atenção plena, compreendendo qual é o real valor das práticas e atividades na sua vida.
Dessa forma, desacelerar pode inclusive torná-lo mais produtivo.
E não esqueça: mudanças significativas de hábitos não acontecem do dia para a noite.
Tão importante quanto começar, é persistir. Venha sem pressa!
Vida essencialista
Você já deve ter ouvido falar que as nossas casas são como um reflexo de nós mesmos.
A forma como mantemos a nossa casa limpa e organizada – ou não – pode ter relação com o nosso estado de espírito, ou como estamos levando a vida em determinados momentos.
E como seres complexos e dinâmicos, não é exatamente fácil manter a casa (ou a vida) organizada o tempo todo.
O interessante é que, ao organizarmos a nossa casa, temos a sensação de estar organizando a nossa mente também.
Como se fosse um “basta, vou dar um jeito na minha vida”. Quem nunca olhou para aquele canto cheio de coisas e ficou, consciente ou inconscientemente, ansioso com aquele acúmulo desnecessário?
Limpezas são constantemente necessárias na nossa vida.
Sabe aquelas peças que você não usa há mais de dois anos? Ou aquelas peças que não servem mais, mas que você carrega esperança de um dia voltar a usá-las? Ou ainda, aquelas peças que nem tem mais a ver com o seu estilo, mas pela qual você ainda sente um apego emocional? Elas te trazem que tipos de sentimentos?
A nossa relação com as roupas é uma questão bastante interessante de se observar.
Elas dizem muito sobre nós – mas não no sentido de “o que você veste te define”, longe disso.
A moda está aí para que possamos expressar quem somos, e espertos os que usam isso ao seu favor.
A moda está longe de ser um tema superficial, pois é uma poderosa ferramenta de comunicação, além de ser uma significativa representação material e subjetiva das esferas sociais, culturais, políticas e econômicas de cada momento das sociedades.
Observando a aceleração que estamos vivendo no mundo, fica fácil de entender porque as empresas têm produzido e as pessoas têm consumido roupas com maior frequência e em maior escala.
As tendências da moda mudam em poucos meses. As grandes marcas lançam coleções novas a cada duas semanas. E isso está longe de ser sustentável, acarretando em problemas que permeiam diversos patamares dessa indústria.
Slow fashion e slow living
Enquanto o slow fashion, aborda reflexões relacionadas à indústria da moda, à cadeia de produção e o ciclo de vida das peças, a questão da moda no slow living aborda uma visão mais íntima e pessoal do processo.
Independente se você comprar roupas de alguma marca autoral ou de alguma grande rede de fast fashion, é muito mais sobre a sua relação com as roupas, se você comprou porque realmente precisava ou se foi para tentar preencher alguma lacuna, alguma ansiedade ou alguma dependência.
As roupas que vestimos suprem diversas necessidades, entre elas: fisiológicas, sociais e de realização pessoal.
Além de cobrir e proteger nossos corpos, as roupas também nos permitem expressar um pouco da nossa personalidade ao mundo.
As roupas estão aí para nos auxiliar, não para nos aprisionar. E para melhorar a nossa relação com as roupas, o autoconhecimento também é fundamental.
Entendendo melhor sobre quais são as principais funcionalidades das roupas para o nosso dia a dia (conforto, estilo, praticidade), identificando quais são os nossos objetivos de imagem pessoal para diferentes momentos da nossa vida (comunicar credibilidade, criatividade ou sensualidade, por exemplo) e compreendendo quais elementos têm mais a ver com o nosso estilo pessoal (cores, tecidos, estampas), fica mais fácil de manter um guarda-roupa inteligente, funcional e sustentável, que esteja ao seu favor e que represente quem você é. Sem pressões sobre como você acha que “deveria ser”.
Assim como você planeja sua vida, identificando quais são as suas prioridades e objetivos para determinados momentos, você pode fazer o mesmo para aprofundar e aprimorar a sua relação com a vestimenta, se empoderando de quem você é e não caindo em pressões impostas pela sociedade.
Quando você fizer uma nova limpa no seu armário, busque identificar como cada peça faz você se sentir.
Se ela fizer sentido para você, se você usa e ama ela, vale a pena mantê-la no ambiente sagrado que é a sua casa.
Se ela lhe provocar sentimentos confusos, dos quais você deseja se livrar, pode ser uma boa hora para praticar o desapego.
O acúmulo de itens desnecessários na nossa casa e na nossa vida com certeza mais atrapalha do que ajuda.
Apesar das dicas, nada disso é regra.
O slow living busca propor justamente o contrário de impor regras ou fórmulas.
Esse movimento nos convida a levar a vida de forma mais leve, sem pressões nocivas que geram ansiedades.
E para isso, o autoconhecimento, o planejamento e o desapego são grandes aliados.